terça-feira, 9 de novembro de 2010

O sermão de Ontem e Hoje.



Na altura, os Homens não ouviam os pregadores, vivam sem qualquer regra moral. Hoje, na sociedade, com ou sem pregadores, salgando a terra ou deixando-a insonsa, os males e os enormes defeitos teimam em não desaparecer. Tudo advém do facto do ser Humano ser incapaz de pensar mais nos outros e menos em si próprio.

Neste tempo reina ainda a traição, a soberba, o poder, a ambição de mandar e a hipocrisia. Somos uma ‘’plateia’’ de Homens críticos, insolentes, indelicados no que toca a ouvir a oposição. Contudo, no dia-a-dia os defeitos colidem e afectam o relacionamento social, bem como a escuta da opinião dos outros. O egoísmo, a crítica abusiva, a arrogância e o poder de soberba desmedido, são os defeitos mais notórios na nossa sociedade.

A arrogância e a soberba afecta por vezes políticos, que chegados a um posto mais alto a nível profissional esquecem-se que em tempos fizeram parte da ‘’sociedade anónima’’.

Existe Hoje, mais do que nunca a ambição e a vontade possessiva de todos mandarem sem rei. Esta sociedade de Hoje, está acostumada a subir de posto utilizando cunhas e subornos. Como diz o Padre António Vieira ‘’ comerem-se uns aos outros e os maiores aos mais pequenos’’.

A traição é o mal mais actual. Por vezes algo me leva a dizer que a traição está na essência do Homem. Quantas vezes é que hoje em dia vemos governantes que se traem uns aos outros, num gesto que acaba por ser nefasto para o país ? Assim sucede-se o mesmo no sermão, o Polvo, revestia-se das mesmas cores a que estava pegado. Assim se estivesse na areia ficaria branco, na água ficaria azulado, podendo assim esconder-se e a qualquer momento, lançar os enormes braços de modo a fazer de qualquer peixe prisioneiro. Na actualidade acontece exactamente o mesmo.

A hipocrisia, o sentimento de bondade fingida e uma devoção enganosa envolvem o nosso Mundo.

Hoje vejo um Mundo, uma Terra, um País insonso ou talvez um mundo que não se deixa salgar…

Aprofundando este tema, verifica-se o porquê de esta temática ser estudada nesta altura. Nesta altura (11º ano) começa-se a construir a opinião pessoal, começam a construir-se os pequenos adultos que um dia vão frequentar este mundo. Como tal, estes deverão ser límpidos nos seus objectivos de vida, e deverão ser correctos na forma de alcançar o sucesso (profissional) sendo capazes de corromper esta sociedade corrupta e incorrecta.

domingo, 13 de junho de 2010

A poesia não se explica.




Desde já, digo que a poesia é uma forma de arte, é a arte de escrever, são emoções a nível estético.

E, estes dois autores, Sophia de Mello Breyner e Manuel Alegre, fazem-no de forma diferente. Enquanto Sophia de Mello parte de vivências, de emoções, de sentimentos que em cada texto estão presentes os elementos marcantes como o sol, o vento, a luz. Sophia apresenta uma paixão pela Natureza, como pela poesia, a Natureza é maravilhosa aos olhos dela, e em cada texto realça a sua importância. Começou a escrever antes de a saber fazer, isto marca o grande objectivo que a poesia tinha para ela. Pede aos Deuses não para os homens seres como eles, mas para serem mais divinos e se aproximarem do bem como do mal. Cada palavra é mágica, e ela sabe agrupá-las, juntá-las, ela diz que não faz os poemas mas eles fazem-se por si, é algo inspirador que vagueia para além da noite fora. Diz que as cidades são conflituosas, lugares de desencontros. A Natureza cativou-a, e ela tenciona mostrar isso ao mundo. Manuel Alegre escreve conforme as emoções, dizem que ele era o hino da liberdade. Cada palavra cativava as pessoas, mas, no entanto, uma palavra era um sinal de esperança, de luta para aqueles que passavam e viviam antes do 25 de Abril, foi preso pela PIDE, o que mostra revolta nos seus textos, ele tenta expressar-se face à opressão, face à angústia que sentiu! A Poesia, para Manuel Alegre, é uma forma de medição, é um ritmo que só ele entende, para Sophia basta estar quieta e calada que a poesia ouve-se.


Mas um poema não é só a parte da emoção, um poema tem de ser apreciado pela forma como é escrito, e bem como pela sua estrutura. Estrutura interna e estrutura externa. A forma como o poema está disposto também transmite alguma coisa. Sophia por vezes não recorre à pontuação para sentir que não está limitada, não está presa, assim como Manuel por vezes abdica de minúsculas. O poema inteiro, fala por si, a maneira como está disposto, e é escrito também diz muito acerca dele. A poesia também diz muito em relação ao tempo em que foi escrito. Neste caso, os dois têm sentimento de opressão e de revolta quando se fala na época anterior ao 25 de Abril! São duas maneiras distintas de fazer poesia e de a sentir.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Possessão; Violência. Remorso de Baltazar.

O remorso de baltazar serapião.


A força, a violência da escrita, a desordem emocional, o desmascarar das memórias da Idade Média, assalta-nos constantemente e violentamente a mente.

A ausência de maiúsculas, a utilização do discurso indirecto livre, o uso na perfeição da imagem, o uso de metáforas bem como hipérbato, tornam a escrita do Valter Hugo mãe diferente, mas nada é feito ao acaso, tudo tem o seu objectivo. Parece que nada neste livro foi deixado à sorte, os nomes foram escolhidos com um rigor excepcional. Baltazar era o chefe de família, o governador. Brunilde está relacionado com as belas raparigas montadas a cavalo em busca do seu guerreiro. Dom Afonso e Dona Catarina não têm significado próprio mas sabemos que foram grandes pessoas na nossa cultura. Cada nome tem por trás as vivências e o papel de cada personagem.

A ausência de maiúsculas, é o sinal de que a escrita corre por si, a leitura quer-se simples e corrente. O uso do discurso indirecto livre leva-nos a termos diferentes formas de interpretação.
O autor usa uma linguagem inovadora e com o sentido profundo da alma do povo. O enredo da história situa-se na Idade Média, um tempo de pobreza, um tempo em que as desigualdades sociais se fazem ressentir. Retrata uma idade média fortíssima mas miserável. Intriga. Fortíssima pelo facto da luta pela imposição do Homem.

Conhecemos Baltazar Serapião, o protagonista deste ''romance'', e a Ermesinda. Habitam um espaço e percorrem um tempo em que a vaca, a sarga, consegue ter os mesmos direitos e deveres que a mulher. São julgados filhos do sarga, filhos de Deus, enfim, filhos da loucura.
Ao longo do livro cruzamos-nos com senhores feudais, observamos ambientes hostis, de luta contínuas pela sobrevivência, captamos imagens de violências asquerosas, da percepção da violência doméstica naquele tempo, tirando-lhe o poder divino de ser mulher. Assistimos a casamentos feitos e desfeitos, a ódios e amores, remorsos e rancores.
A mulher recebe no corpo e na alma a consequência da violência. O senhor é dono da vida assim como a mulher é propriedade do Homem. A violência sobre a mulher advém da força duma revoltante miséria onde a ignorância do tempo é sobreposta a estratos sociais. A mulher acaba por ser a grande vítima.

Um livro revoltante, revolucionário, bruto. REAL. Revira os sentidos ao contrário. Foge ao normal, ao típico, foge a fase de enquadramento actual.
Não não é um livro da idade média, não não é um romance, não não é uma bela história, mas sim é um livro que desmascara os monstros actuais!

O facto de matar a mulher é algo divino, é algo que se rotula por orgulho. Onde uma vaca pode ser sagrada e amada, enquanto uma mulher é desprezada e desfalecida.

Foi um livro que me fez viajar à Idade Média. Um livro real que revirou os meus sentidos e cada vez que ia avançando na história ia-me ligando cada vez mais a ele.

Este ''Tsunami'' ganhou o prémio José Saramago em 2007.


(Clicar na imagem)









sábado, 29 de maio de 2010

Soror Violante do Céu

Filha de Manoel da Silveira Montesino e de Helena da França de Ávila, nasceu em Lisboa a de Maio de 1602. Conhecida por ser uma freira dominicana que na sua vida secular se chamava Violante Montesino. A 29 de Agosto de 1630 entrou para a ordem dominicana onde permaneceu no convento de Nossa Senhora da Rosa (convento das monjas da Ordem dos Pregadores), Lisboa.
Foi uma das poetisas mais consideradas do seu tempo, sendo hoje conhecida por vários meios culturais da época como a Décima Musa e Fénix dos Engenhos Lusitanos. Aos 17 anos deu-se a conhecer por ter composto uma comédia para ser representada durante a visita de Filipe II a Lisboa.
Soror Violante do Céu ficou famosa no seu tempo por escrever poemas, peças de oratória e comédias. Algumas das duas obras mais conhecidas são as Rimas Várias (1646), Romance a Cristo Crucificado (1659), Solilóquios para Antes e Depois da Comunhão (1668), Meditações da Missa e Preparações Afectuosas de Uma Alma Devota (1689) e Párnaso Lusitano de Divinos e Humanos Versos (1733).

Escreveu em português e em castelhano, e a sua escrita revela destreza nos jogos poéticos conceptuais e forte sentido melódico, característicos da literatura barroca na qual esta poetisa viveu. Faleceu, a 28 de Janeiro de 1693 no convento.



A UMA AUSÊNCIA

Vida que não acaba de acabar-se,
Chegando já de vós a despedir-se,
Ou deixa, por sentida, de sentir-se,
Ou pode de imortal acreditar-se.

Vida que já não chega a terminar-se,
Pois chega já de vós a dividir-se,
Ou procura, vivendo, consumir-se,
Ou pretende, matando, eternizar-se.

O certo é, Senhor, que não fenece,
Antes no que padece se reporta,
Por que não se limite o que padece.

Mas viver entre lágrimas, que importa
Se vida que entre ausência permanece
É só viva ao pesar, ao gosto morta?
Soror Violante do Céu.

Não vou por aí !


''Cântico Negro'', poema de José Régio, contido em ''Poemas de Deus e do Diabo''.
Este autor aborda a problemática do indivíduo que anseia por sua afirmação impôr-se, a partir duma contestação de uma norma e de um afastamento da vivência colectiva.

O texto desenvolve-se assim partindo de uma contestação da norma colectiva, da necessidade de autonomia, de liberdade bem como de independência. O posicionamento do ''eu'' (no ínico de algumas estrofes), leva à afirmação da sua individualidade perante o mundo que o rodeia!

Ao longo do texto, José Régio estabelece comparações entre elementos opostos, formando-se assim um texto em torno da individualidade e da colectividade.

Um título diz-nos muito...
''Cântico'', cântico tranparece-nos uma ideia de homenagem, de algo divino, enquanto ''negro'' nos lembra a escuridão, algo sombrio.
Assim ''Cântico negro'' diz respeito à revolta de algo, diz respeito negação de valores vigentes.

José Régio na minha opinião, pretende transmitir-nos que a sua atitude contrária aos outros, em essência consiste apenas em não ser como os outros.

''Prefiro escorregar nos becos lamacentos'' (v.18); ''Como farrapos, arrastar os pés sangrentos'' (v.20), prefere ter consciência das enormes dificuldades, graças à singularidade da sua opção, da sua experiência, em que não lhe permite apoiar-se em vivências alheias. Prefere o viril enfrentamento da sua opção. Toma assim consciência da virtualidade de dificuldades, graças à autonomia da sua escolha. O verso 18 repõe-nos para riscos e quedas, para profundidades. O verso 20, remete-nos para o desgaste de aspectos negativos. Assim, estes versos estão não só ligados a uma interioridade como também podem ser associados a resultados negativos de obediência aos instintos.

''Não, não vou por aí! Só vou por onde me levam meus próprios passos...'' (v. 14-15). Não acompanha ninguém, ele só vai onde os passos o levarem, ele traçou o seu próprio caminho e tenciona segui-lo sem ninguém. Cria assim uma ideia de idepêndencia e revolta.

Utiliza a antítese quando se refere a Deus e ao Diabo. '' Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.'' (v.40). Realça forças indestrutíveis e absolutas, ligando o Bem e o Mal.

Ao longo do texto, foi visível o ''eu'' marcante, foi perceptível a separação que o autor criou entre o ''eu'' e os ''outros''. Apesar disso, José Régio acaba por dizer ''É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou...'' (v.48-49). Acaba por ver a definição de vida como uma onda, um átomo , pretende assim dar a entender o sentido de unidade, união, de um todo. Desta forma, deixa-se trair na sua definição de indivíduo que faz ao longo de todo o texto, pois termina por admitir-se parte de um todo, colectividade.

É um texto rico em vivências e sentimentos. Gostei bastante do analisar e preceber melhor o que José Régio pretende transmitir.

sábado, 27 de março de 2010

D.Dinis, trovador.


Preparava a minha partida para Santiago de Compostela. Estava desejoso pela viagem, pelas peripécias e pelo saber que iria espalhar. O contacto que se estabelece com diferentes culturas, com pessoas diferentes, os hábitos, os costumes tudo isso me encantava. Acompanhava assim a rainha e as suas aias. Naquele dia sentia-me ansioso.
Corria a Europa toda levando-lhes o meu saber, a minha arte, fazia disto uma alegria enorme. Transformava a minha vida numa arte, por vezes boa outras vezes de desespero. Fui então buscar ao meu cancioneiro de ajuda, uma cantiga à minha escolha, desejei para aquele momento uma cantiga de amor. Apesar de ter uma grande variedade de escolha , desde as cantigas de amigo, às cantigas de escárnio e mal dizer e acabando com as cantigas de amor que foi a minha escolha.
Na cantiga de amor, o cavalheiro dirigia-se à mulher amada, como uma figura idealizada, distante. O poeta na posição de fiel vassalo, põe-se a serviço da sua senhora, dama da corte, tornando esse amor num objecto de sonho, distante, impossível, inalcancável. Neste tipo de cantigas, descendente da Provença, no sul de França, o eu-lírico era masculino e sofredor. A sua amada era chamada de senhor. Cantava assim as qualidades do seu amor a ‘’ minha senhor’’, a quem eu tratava como superior na sua condição hierárquica.
Queria que a rainha gostasse da nossa actuação de trovadores.
O meu grupo de trovadores estava pronto, preparámos assim os nossos alaúdes e cistres... Começámos assim a entoar a nossa cantiga de amor. Queríamos deixar bem claro que as cantigas eram entoadas e manuscritas por nós, e depois iriam ser colocadas num cancioneiro.
Decorreu assim o resto da nossa noite, acompanhados da rainha e das suas aias. Sentia-me bem, sentia-me em casa. Cada sujeito que encontrara na minha viagem ficou marcado e cada um se revelará com as cantigas cantadas. Passou-se assim uma noite, ouvindo a poesia, dançando ao ritmo dela e entoando cantigas. Foi um dia pequeno mas com grandes lembranças.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Sr.Presidente

Exmº Sr. Presidente Da República


Venho por este meio, comunicar –lhe o meu desagrado perante os inúmeros acontecimentos que têm vindo a ocorrer nestes últimos dias, nas escolas portuguesas.
Apercebo-me de que, a cada dia que passa, se verifica um aumento do número de crianças que são vítimas de Bullying.

É também com bastante tristeza que, devido a estes acontecimentos, todo o mundo assiste à destruição da vida das inúmeras crianças que passam por isto.
Porque razão não existe qualquer tipo de acção perante estas situações bastante graves e que inclusive, já levou ao desaparecimento e à morte de alguns jovens vítimas destes maus tratos?

Sugeria a V.Ex.a que, no sentido de haver maior segurança na escolas e medidas que protejam as crianças vitimizadas, contribuisse pessoalmente para que a sociedade em geral reflectisse sobre este assunto tão preocupante.



Com os melhores cumprimentos,
Liliana Oliveira
10 de Março de 2010, Batalha

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Vou caminhando desde 25 de Julho de 1994



O meu caminho começou dia 25 de Julho de 1994 em Lausanne, mais precisamente às oito e dez da manhã. Era aquela rapariga inocente que gritava e chorava. Uma criança pequenina, apenas com quarenta e nove centímetros, e com 3 quilos e 520 gramas. Muito sorridente, ganhei um cabelo liso, castanho . Tudo nesse tempo era belo e bonito. Tudo era colorido, tudo o que me rodeava era fantástico: os animais, as flores, as pessoas, o ar puro, a água e o sol suave. Nessa altura, não ligava muito ao meu irmão que já tinha os seus três anos de idade. Eu era o centro das atenções, e isso pelos vistos bastava-me. Os olhares estavam constantemente concentrados em mim. Tinha os meus peluches gigantes, as minhas barbies carecas e o que nunca podia faltar: uma folha branca e umas canetas.


Tinha uma cumplicidade enorme com o meu pai, e essa foi crescendo e ainda está a crescer. Foi um despertar de sensações maravilhosas, ia caminhando, para conhecer melhor o mundo para onde vim parar, onde já adultos viviam há mais tempo. Nada me tirava a minha tão grande alegria de viver, a minha felicidade contagiante, o meu sorriso constante. Comecei a falar, e aí criei uma alegria tremenda naqueles que me rodeavam. Fui dando os primeiros passos, fui largando a chupeta, fui começando a andar, fui crescendo. Habituando-me aos outros e os outros a mim. Lembro-me perfeitamente da minha infância. Tinha cinco anos quando entrei para a primária. Não queria largar a minha mãe, agarrava-me a ela e chorava. Mas fui-me habituando à ausência dela quando frequentava a escolinha. Era organizada e muito traquina, perfeccionista, sorridente, alegre. Muito sonhadora. Quem não sonha na sua infância ? Sonhava ser tudo e mais alguma coisa. Criava um mundo à minha maneira. Lembro-me de querer ser cabeleireira, depois enfermeira, depois polícia, depois médica, depois cozinheira e tantos depois assim se sucederam.
Adorava comer as papas que a minha mãe me fazia, de bolachas banana e sumo de laranja.
Recordo-me de pegar em simples folhas brancas e desenhar até me fartar, escrever poemas que depois colocava debaixo da almofada da minha mãe, recordo-me de desfilar para a minha família, de fazer espectáculos de dança, recordo-me de como era uma criança feliz.


Quando aconteceu a tragédia do 11 de Setembro só me recordo de ir a correr buscar uma folha branca e aí comecei a desenhar parece que tudo à minha volta não interessava, estava de novo a criar um mundo numa banal folha. É o pouco que me recordo dessa data. Nesta altura o meu irmão ainda não fazia parte das minhas brincadeiras. Passei grande parte da minha infância com a minha prima Joana, ela era e é um grande exemplo. Brincávamos às mães, às professoras, às enfermeiras, era uma verdadeira companheira. Ainda hoje não tenho palavra que a defina, não é melhor amiga pois tem mais valor que isso, tratamo-nos sempre por Irmãs. A cumplicidade que temos, os sorrisos que trocamos, as brincadeiras, as birras, as zangas, os olhares, as trocas de roupa e barbies, foi isto que reforçou a nossa ligação e ainda hoje é assim. De mãos dadas e caras erguidas enfrentamos JUNTAS os obstáculos da vida. Lembro-me que foi por iniciativa própria que larguei a chupeta cortando-a toda. Lembro-me do meu percurso com os seus altos e baixos, até hoje.
















Era muito agarrada à minha mãe, e tinha uma enorme cumplicidade com o meu pai, o meu irmão foi tendo cada vez mais importância na minha vida.
Não nomeio os meus avós ao longo da minha infância pois estavam longe mas estes sempre foram importantes e têm um grande valor.
Foi dia 19 de Julho de 2005 que marcou em grande parte a minha vida, quando os meus pais me disseram que íamos deixar a Suíça e partir para Portugal, e aí tudo parou, já não encontrava a minha alegria nem o meu sorriso, o que era belo e bonito tinha desaparecido. Sendo assim parti. Deixei colegas, escola, grande parte da infância, sorrisos, alegrias, tudo num país. Lembro-me de me terem feito uma festa surpresa com todos os meus colegas, deram-me um monte de cartas, pulseiras, peluches, recordações tudo para me relembrar daquilo que vivi. Recordações. Lembranças. Vim então com onze anos para Portugal, e não esperava encontrar o bonito e belo que tinha desaparecido. Entrei para o sexto ano, fui muito bem acolhida, faziam sempre aquelas meras perguntas se gostava de estar cá, o porquê de ter partido e tantas mais. As minhas respostas eram sempre as mesmas, até uma certa altura que foram mudando. Encontrei novas pessoas, novas personalidades, novos hábitos, novos costumes, encontrei uma nova vida. Fui assim percorrendo os anos uns atrás dos outros sempre empenhada e orgulhosa do meu caminho. Fui lutando. Fui ganhando verdadeira personalidade, novos objectivos, novos percursos de vida tudo de novo. Aí sim, o meu irmão já entrava em tudo, tal como hoje e quero fazer com que ele permaneça na minha vida. Ele a minha mãe e o meu pai, são verdadeiros orgulhos. Aqui estou eu hoje, mais crescida, mais decidida, com outra visão do que é a vida. Personalidade forte, vou crescendo deixando alguns sonhos para trás e acrescentando outros. Vou-me tornando mulher a cada dia que passa, aproximando-me daquela mulher que um dia desenhei numa simples folha de papel. Vou crescendo aproximando-me daquilo que realmente quero ser. Orgulho-me de tudo. Hoje a minha folha branca está repleta de cores, vivência, emoções e de verdadeiros sentimentos.



O meu texto vai-se completando com o passar dos dias...